Cinema

A partir daqui, você vai conhecer produções de artistas africanos. Para essa seção, escolhemos filmes de cineastas de diversos países africanos: Angola, Argélia, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Moçambique, Nigéria, República Democrática do Congo, Senegal. Trazemos também algumas produções europeias originárias da França, Inglaterra e Portugal, que tiveram participação de pessoas africanas, preocupadas em garantir que a produção fosse respeitosa à realidade do continente.

Além dos países que são nosso foco nessa exposição, aqui você encontra representações das realidades coloniais em outras regiões e em diversas temporalidades. O continente africano é composto de 54 países e seria impossível falar do colonialismo em todos eles com profundidade. A arte é o caminho que escolhemos para você conhecer essas outras perspectivas.

Trazemos fontes históricas que podem ser utilizadas na sala, ou até em trabalhos extra-classe. É importante dizer, que o cinema como fonte histórica tem diversas especificidades, e pode ser uma potente ferramenta na sala de aula. O filme não deve ser mostrado como uma verdade histórica, e sim, deve ser contextualizado e analisado, sendo um material para reflexão. O docente pode escolher passar a obra inteira, ou então, só algumas partes já delimitadas anteriormente - mas uma dica é fazer uma mediação com perguntas para encaminhar uma análise fílmica pelos alunos. Alguns exemplos são sobre a paleta de cores, a música, o figurino, o cenário, as personagens, qual o enredo da história, qual reflexão o filme proporciona. Para essa temática recomendamos o livro do Professor Marcos Napolitano, Como usar o cinema na sala de aula.

Os filmes escolhidos estão organizados primeiramente pelo período representado, que dividimos em 5: 1) Organizações Políticas Antes do Colonialismo; 2) Dinâmicas da Colonização; 3) Lutas pelas Independências em foco; 4) Debates sobre Independências; 5) Lógicas pós-coloniais. É importante dizer, no entanto, que tais recortes estão entrelaçados de diversas formas, como, por exemplo: as lutas pelas independências integram as dinâmicas da colonização. Tal separação foi criada com um objetivo de melhor organização e compreensão didática. Ainda dentro desta separação, os filmes estão ordenados pela data histórica tratada e pelo país representado.

Alguns dos filmes listados abaixo estão disponíveis no YouTube, com áudio ou legenda em português. Segue uma playlist com filmes do continente africano disponíveis:

Playlist no YouTube "Filmes Africanos em Português":

https://www.youtube.com/playlist?list=PLHPckESkyvKmKCkU_q02gclJUE_3Pgjlf

 

 

1) Organizações Políticas Antes do Colonialismo:

Capa do filme Yeelen (1987), Souleymane Cissé.

Capa do filme Yeelen (1987), Souleymane Cissé.
Disponível em: https://movienonsense.com/2017/07/30/yeelen-brightness-a-luz/. Acesso em: out. 2020.

Yeelen
Direção: Souleymane Cissé
Duração: 106 minutos
País: Mali
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1987
Tema: Organizações Políticas Antes do Colonialismo / Reinos e Impérios Africanos

Traduzida para o português como A Luz, a obra é filmada nas línguas bambara e fula, e é baseada em uma lenda contada pelo povo bambara. A data não é definida, mas pesquisadores a ambientam no século XIII, no Império do Mali. O filme conta a história da busca heróica pela magia. O protagonista, Nianankoro, é um jovem africano que possui poderes mágicos, e que procura seu tio para pedir ajuda em uma luta contra o pai, um feiticeiro. A narrativa possui muitas alegorias e símbolos que não são lidos tão facilmente. Porém, é uma bela história, e remonta ao rico passado sem exploração colonial.

 

Capa do filme Keita, o legado do Griot (1995), Dani Kouyaté.

Capa do filme Keita, o legado do Griot (1995), Dani Kouyaté.
Disponível em: https://www.senscritique.com/film/Keita_L_heritage_du_griot/440911. Acesso em: out. 2020.

Keita, o legado do Griot
Direção: Dani Kouyaté
Duração: 96 minutos
País: Burkina Faso
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1995
Tema: Organizações Políticas Antes do Colonialismo / Tradição Oral / Reinos e Impérios Africanos

O filme é uma das adaptações culturais sobre a história de Sundjata Keita, fundador do Império do Mali. A narrativa acompanha o velho griô Djeliba deixando sua aldeia do interior e se instalando na residência da família Keita para realizar uma missão: a iniciação do menino Mabo nas tradições familiares, cuja origem remonta a Sundjata Keita, e ao Império do Mali. O filme trabalha com duas temporalidades, a do reinos e impérios africanos, e a contemporaneidade, ou seja, intercala entre passado e presente. Ilustra muito bem o griô, esse sujeito importante no continente africano. Além disso, nos permite pensar a respeito das tensões entre sua oralidade e o conhecimento histórico que é ensinado nas escolas.

 

Capa do filme Njinga, Rainha de Angola (2013), Sérgio Graciano.

Capa do filme Njinga, Rainha de Angola (2013), Sérgio Graciano.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Njinga,_Rainha_de_Angola.jpg. Acesso em: out. 2020.

Njinga, Rainha de Angola
Direção: Sérgio Graciano
Duração: 109 minutos
País: Angola
Gênero: Biográfico
Ano de Lançamento: 2013
Tema: Organizações Políticas Antes do Colonialismo / Reinos e Impérios Africanos

A obra narra a trajetória de uma das mulheres africanas mais importantes de todos os tempos. Símbolo da História de Angola, Njinga foi uma guerreira africana, que durante quarenta anos lutou pela independência dos reinos de Ndongo e Matamba ao longo do século 17. Até hoje, é considerada um símbolo de resistência colonial em Angola. Conhecida pela sua grande capacidade de negociação, Njinga foi a rainha dos reinos do Ndongo (ou Ngola) e de Matamba entre os anos de 1583 e 1663. Além de governar seus reinos, lutou diretamente contra o sistema da escravatura, que operava de forma generalizada no século XVI. O filme romantiza sua trajetória, e exige uma leitura crítica.

 

Capa do filme Ceddo (1976), Ousmane Sembène.

Capa do filme Ceddo (1976), Ousmane Sembène.
Disponível em: https://www.africanfilmny.org/2012/ceddo/. Acesso em: out. 2020.

Ceddo
Direção: Ousmane Sembène
Duração: 120 minutos
País: Senegal
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1976
Tema: Organizações Políticas Antes do Colonialismo / Conquista e Exploração Colonialista do Senegal

No Senegal em um período entre a chegada dos europeus e a imposição da administração colonial francesa, algumas sociedades tentam preservar suas tradições negando-se a se converterem ao islamismo ou cristianismo, a exemplo dos Ceddo. Quando o Rei Demba se converte ao islã, os guerreiros Ceddo, em protesto, sequestram sua filha, iniciando uma guerra civil-religiosa. A palavra Ceddo tem origem na língua senegalesa pular cujo significado é “povo da resistência”. O filme foi banido no Senegal devido às fortes críticas direcionadas ao Islamismo, religião com o maior número de adeptos no país.

 

2) Dinâmicas da Colonização:

Capa do filme Congo: Rei Branco, Borracha Vermelha, Morte Negra (2003), Peter Bate.

Capa do filme Congo: Rei Branco, Borracha Vermelha, Morte Negra (2003), Peter Bate.
Disponível em: https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/81+lR9CxpNL._RI_.jpg. Acesso em: out. 2020.

Congo: Rei Branco, Borracha Vermelha, Morte Negra
Direção: Peter Bate
Duração: 110 minutos
País: Inglaterra, República Democrática do Congo
Gênero: Documentário
Ano de lançamento: 2003
Tema: Colônia Belga no Congo

Documentário sobre o maior genocídio ocorrido do século XIX, praticado por ordem do rei Leopoldo II da Bélgica. Durante o período, o monarca se apropriou de mais de um milhão de quilômetros quadrados da África Central – reino particular denominado de Estado Livre do Congo. Pelo menos 10 milhões de africanos morreram em razão da ganância desenfreada pela riqueza vinda da exploração. Leopoldo II transformou uma área de 80 vezes o tamanho da Bélgica em um imenso campo de concentração de trabalho forçado altamente rentável.

 

Capa do filme África 50 (1950), René Vautier.

Capa do filme África 50 (1950), René Vautier.
Disponível em: https://secarte.ufsc.br/ciclo-de-cinema-africano-lehaf-exibe-os-filmes-africa-50-e-africa-minha-africa/. Acesso em: out. 2020.

África 50
Direção: René Vautier
Duração: 17 minutos
País: Burkina Faso, Costa do Marfim e França
Gênero: Documentário
Ano de Lançamento: 1950
Tema: Colonização Francesa

Em 1949, René Vautier foi enviado à África Ocidental Francesa através da Liga Francesa de Ensino, para realizar curtas documentais sobre o papel positivo da educação francesa nas colônias. Ao se deparar com as terríveis consequências do colonialismo, Vautier secretamente muda de ideia e passa a capturar as mazelas da população africana. Por ter realizado um filme sem autorização e com um viés “antifrancês”, René Vautier foi condenado a um ano de prisão, entre 1951 e 1952. Além disso, a obra foi banida e censurada por quatro décadas em todo o mundo. Nesse período, algumas poucas cópias ilegais circularam clandestinamente, tornando esse um dos principais modelos de cinema anticolonial.

 

Capa do filme As estátuas também morrem (1953), Alain Resnais e Chris Marker.

Capa do filme As estátuas também morrem (1953), Alain Resnais e Chris Marker.
Disponível em: https://www.pinterest.co.uk/pin/541769030151073057/. Acesso em: out. 2020.

As estátuas também morrem
Direção: Alain Resnais e Chris Marker
Duração: 30 minutos
País: França
Gênero: Documentário
Ano de Lançamento: 1953
Tema: Colonização Francesa e Impactos na Arte

Ensaio crítico dos franceses Chris Marker, Alain Resnais e Ghislain Cloquet, o filme denuncia o colonialismo e o imperialismo como um todo, focando no modo como a arte africana é tirada à força da África para ser levada aos museus europeus. Fora de seu contexto e função, as estátuas africanas “morrem”, frente ao olhar ocidental. A obra foi produzida pela Présence Africaine e obteve o prêmio Jean Vigo em 1954. Por seu conteúdo extremamente crítico à colonização europeia, permaneceu censurado na França por mais de uma década. Estabelece um interessante debate com a História da Arte, e pode ser usado para pensar arte africana, e o impacto do colonialismo sobre as artes e os museus.

 

Capa do filme Memória entre duas margens (2002), Frédéric Savoye.

Capa do filme Memória entre duas margens (2002), Frédéric Savoye.
Disponível em: https://filmow.com/memoria-entre-duas-margens-t43581/. Acesso em: out. 2020.

Memória entre duas margens
Direção: Frédéric Savoye
Duração: 90 minutos
País: Burkina Faso, França
Gênero: Documentário
Ano de Lançamento: 2002
Tema: Colônia Francesa na Burkina Faso

Fréderic Savayone e Wolimité Sié Palento revisitam a história da colonização francesa na região Lobi, localizada no sudoeste de Burkina Faso. Nessa região, populações inteiras ainda estão marcadas pela lembrança desse período doloroso. Comparada aos arquivos dos administradores coloniais, a tradição oral permite restaurar cerca de um século de história, desde a chegada dos primeiros brancos até os dias de hoje. Através de depoimentos transmitidos de geração em geração, o filme desenvolve uma reflexão crítica a respeito da colonização e suas consequências individuais, sociais e religiosas.

 

Capa do filme Emitai (1971), Ousmane Sembène.

Capa do filme Emitai (1971), Ousmane Sembène.
Disponível em: https://www.cinematerial.com/movies/emitai-i67048/p/pfaqoit2. Acesso em: out. 2020.

Emitai
Direção: Ousmane Sembène
Duração: 98 minutos
País: Senegal
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1971
Tema: Colônia Francesa no Senegal / Segunda Guerra Mundial

O filme se passa no ano de 1942, em Effok, uma vila na região de Casamansa, no sul do Senegal. A narrativa contada é de um massacre ocorrido nessa aldeia, pela recusa de entrega de uma alta quantia de arroz para o exército colonial. Essa história acontece no meio da Segunda Guerra Mundial, conflito que também contou com a presença dos países africanos. O continente africano cedeu milhares de pessoas para lutarem nos dois lados da disputa. A França, por exemplo, que é representada no filme, agregou milhares de africanos de toda a África Ocidental Francesa. Eles eram chamados de tirailleurs sénégalais (soldados senegaleses) e participaram de diversas batalhas, ajudando na libertação francesa. Esta obra, além de mostrar a recrutação forçada de senegaleses para a guerra, também fala da França de Vichy, e traz discussões sobre religião, gênero, entre outras temáticas.

 

Capa do filme Camp de Thiaroye (1988), Ousmane Sembène e Thierno Faty Sow.

Capa do filme Camp de Thiaroye (1988), Ousmane Sembène e Thierno Faty Sow.
Disponível em: https://www.slantmagazine.com/dvd/camp-de-thiaroye/. Acesso em: set. 2020.

Camp de Thiaroye
Direção: Ousmane Sembène e Thierno Faty Sow
Duração: 147 minutos
País: Senegal
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1988
Tema: Colônia Francesa no Senegal / Segunda Guerra Mundial

Obra que também traz uma representação dos tirailleurs senegaleses, que pode ser considerada uma continuação de Emitai (1971, Ousmane Sembène), mesmo que suas histórias sejam independentes. O filme conta a história do massacre de Thiaroye, em 1944, no Senegal, quando diversos soldados africanos que voltaram do continente europeu após ajudar na libertação da França foram mortos pelos colonos franceses, em um ataque premeditado. A narrativa mostra como esses soldados sofreram racismo, desprezo e não foram remunerados como prometido. Muitos deles, ainda, ficaram debilitados física ou psicologicamente. A obra é uma boa alternativa para pensar a colonização e aprofundar os cenários presentes nos livros didáticos. É também, uma opção para a aula de Segunda Guerra, visto que, geralmente, a perspectiva africana do conflito não é abordada.

 

 

Capa do filme Tarrafal - Memórias do Campo da Morte Lenta (2011), Diana Andringa.

Capa do filme Tarrafal - Memórias do Campo da Morte Lenta (2011), Diana Andringa.
Disponível em: http://www.cinept.ubi.pt/pt/filme/8405/Tarrafal+-+Mem%C3%B3rias+do+Campo+da+Morte+Lenta. Acesso em: out. 2020.

Tarrafal - Memórias do Campo da Morte Lenta
Direção: Diana Andringa
Duração: 91 minutos
País: Cabo Verde, Portugal
Gênero: Documentário
Ano de Lançamento: 2011
Tema: Colônia Portuguesa em Cabo Verde / Colonização Portuguesa

O documentário traz a história do Campo de Concentração de Tarrafal, localizado na Ilha de Santiago, em Cabo Verde. Conhecido como “campo da morte lenta”, o campo foi criado em 1936 pelo governo português do Estado Novo. Era usado para aprisionar e afastar da metrópole todos que eram contrários ao regime salazarista, e funcionou até 1954. Quando reabriu em 1961, aprisionou militantes que lutavam contra a colonização portuguesa. Trinta e dois portugueses, dois angolanos e dois guineenses perderam a vida no local. O documentário é resultado de um encontro dos sobreviventes do campo, que ocorreu durante o Simpósio Internacional sobre o Campo de Concentração do Tarrafal.

 

3) Lutas pelas Independências em foco:

Capa do filme A Batalha de Argel (1966), Gillo Pontecorvo.

Capa do filme A Batalha de Argel (1966), Gillo Pontecorvo.
Disponível em: https://internacionalizese.blogspot.com/2018/08/filmografia-em-foco-batalha-de-argel.html. Acesso em: out. 2020.

A Batalha de Argel
Direção: Gillo Pontecorvo
Duração: 121 minutos
País: Argélia, Itália
Gênero: Ficção Histórica
Ano de Lançamento: 1966
Tema: Colônia Francesa na Argélia / Luta Pela Independência da Argélia

Entre os anos de 1954 e 1957, a população argelina decidiu que não seria mais explorada e iniciou o conflito que levou o país à sua independência. No entanto, a França, através de seu numeroso exército, não estava disposta a permitir que a Argélia se tornasse independente. Argel, capital do país, foi palco das principais batalhas, travadas principalmente entre os métodos convencionais da tropa francesa e as técnicas não-convencionais da Frente de Libertação Nacional (FLN). O filme mostra o uso de tortura pelos franceses, e o uso de bombas em locais públicos pela FLN, uma forma de chamar a atenção para suas demandas. Ainda, a obra destaca a importância das mulheres argelinas para a resistência.

 

Capa do filme Monangambee (1968), Sarah Maldoror.

Capa do filme Monangambé (1968), Sarah Maldoror.
Disponível em: https://www.imdb.com/title/tt0185508/. Acesso em: out. 2020.

Monangambé
Direção: Sarah Maldoror
Duração: 15 minutos
País: Angola e Argélia
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1968
Tema: Colônia Portuguesa em Angola / Luta Pela Independência em Angola

Filmado na Argélia em 1968, é uma adaptação de um conto de José Luandino Vieira, O fato completo de Lucas Matesso (1962), escrito no momento em que o autor encontrava-se preso pelo poder colonial português, no campo de concentração de Tarrafal, em Cabo Verde. O curta narra um dia na vida de Matesso, preso em Angola, a quem a mulher prepara um “fato completo”. A expressão inquieta os guardas da prisão, que o torturam, acreditando tratar-se de um plano de fuga. Puro desconhecimento: tratava-se de um prato local à base de peixe, feijão e banana.

 

Capa do filme Sambizanga (1972), Sarah Maldoror.

Capa do filme Sambizanga (1972), Sarah Maldoror.
Disponível em: https://www.imdb.com/title/tt0069214/mediaindex?ref_=tt_mv_close. Acesso em: out. 2020.

Sambizanga
Direção: Sarah Maldoror
Duração: 102 minutos
País: Angola e República Democrática do Congo
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1972
Tema: Colônia Portuguesa em Angola / Luta Pela Independência em Angola

O filme se passa em Angola, no ano de 1961. Nele, Domingos Xavier, um ativista revolucionário angolano, é preso pela polícia secreta portuguesa. Xavier é levado para a prisão de Sambizanga, onde acaba sendo submetido a um interrogatório e tortura para extrair os nomes dos seus colegas que também buscam a independência. A obra é contada a partir do ponto de vista de Maria, mulher de Xavier, que vai em busca do seu marido sem entender o contexto de sua prisão. É uma adaptação da novela A vida verdadeira de Domingos Xavier (1961) do autor angolano José Luandino Vieira.

 

Capa do filme Mueda, memória e massacre (1979), Ruy Guerra.

Capa do filme Mueda, memória e massacre (1979), Ruy Guerra.
Disponível em: https://www.imdb.com/title/tt0081194/?ref_=rvi_tt. Acesso em: out. 2020.

Mueda, memória e massacre
Direção: Ruy Guerra
Duração: 75 minutos
País: Moçambique
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1979
Tema: Colônia Portuguesa em Moçambique / Luta Pela Independência em Moçambique

Considerado o primeiro longa-metragem de ficção de Moçambique, a obra formaliza tardiamente os pressupostos do projeto revolucionário da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). É uma recriação histórica dos acontecimentos do chamado Massacre de Mueda, ocorrido em 16 de junho de 1960. Nele, soldados portugueses abriram fogo sobre uma manifestação, matando centenas de pessoas, episódio marcante da resistência contra o colonialismo português.

 

Capa do filme Mortu Nega / Morte Negada (1988), Direção: Flora Gomes.

Capa do filme Mortu Nega / Morte Negada (1988), Direção: Flora Gomes.
Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Mortu_Nega. Acesso em: out. 2020.

Mortu Nega / Morte Negada
Direção: Flora Gomes
Duração: 92 minutos
País: Guiné-Bissau
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1988
Tema: Colônia Portuguesa em Guiné-Bissau / Luta Pela Independência de Guiné-Bissau

Longa-metragem de estreia de Flora Gomes, esta etnoficção retrata, de modo expressivo e tocante, as vivências da Guerra de Independência da Guiné-Bissau. A obra funde história contemporânea com mitologia. A narrativa começa em 1973, quando Diminga acompanha um grupo de guerrilheiros que levavam abastecimentos de Conacri, na Guiné, para a frente de combate. Termina em 1977, quando a guerra acaba, mas deixa suas marcas: onde Diminga vive, a seca impera, o marido dela está doente e outra luta começa. Primeiro filme da Guiné-Bissau independente, com lançamento mundial no Festival de Veneza, na Itália, em 1988.

 

4) Debates sobre Independências:

Capa do filme As duas faces da guerra (2007), Flora Gomes e Diana Andringa.

Capa do filme As duas faces da guerra (2007), Flora Gomes e Diana Andringa.
Disponível em: http://www.midas-filmes.pt/dvd/catalogo/dvd/as-duas-faces-da-guerra. Acesso em: out. 2020.

As duas faces da guerra
Direção: Flora Gomes e Diana Andringa
Duração: 105 minutos
País: Guiné-Bissau, Portugal
Gênero: Documentário
Ano de Lançamento: 2007
Tema: Colônia Portuguesa em Guiné-Bissau / Luta Pela Independência de Guiné-Bissau / Independência de Guiné-Bissau

O documentário, rodado na Guiné-Bissau, é um conjunto de entrevistas e depoimentos de combatentes e dirigentes portugueses, guineenses e cabo-verdianos, que viveram de perto a guerra pela liberdade da Guiné-Bissau do domínio português. A luta opôs dois grandes gigantes do período: as tropas portuguesas e o Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC). Os realizadores, Diana Andringa, que é portuguesa, e Flora Gomes, que é guineense, fazem parte da geração que cresceu junto com a guerra. A obra procura evidenciar que a luta não era de negros contra brancos, ou de africanos contra portugueses. Alguns portugueses combateram ao lado da Guiné e alguns guineenses serviram ao exército português. Ajudando a mostrar que a colonização não era uma dicotomia simples, e sim, mais complexa do que muitos pensam.

 

Capa do filme 1 de Outubro (2014), Kunle Afolayan.

Capa do filme 1 de Outubro (2014), Kunle Afolayan.
Disponível em: https://www.imdb.com/title/tt3206616/. Acesso em: out. 2020.

1 de Outubro
Direção: Kunle Afolayan
Duração: 148 minutos
País: Nigéria
Gênero: Suspense Psicológico
Ano de Lançamento: 2014
Tema: Colônia Inglesa na Nigéria / Independência da Nigéria

O filme, que se passa na Nigéria colonial, narra a história de Danladi Waziri, um detetive que às vésperas da independência da Nigéria, tenta capturar um assassino que está aterrorizando as mulheres da região. O filme tem a transição política como plano de fundo, ocorrida em 1º de outubro de 1960. A obra atravessa grande parte do território da Nigéria, e explora questões como pedofilia, hipocrisia religiosa, violência contra mulheres, entre outros. Logo, é preciso pensar nas idades dos alunos e fazer recortes.

 

Capa do filme Xala (1974), Ousmane Sembène.

Capa do filme Xala (1974), Ousmane Sembène.
Disponível em: https://www.themoviedb.org/movie/76636-xala. Acesso em: out. 2020.

Xala
Direção: Ousmane Sembène
Duração: 123 minutos
País: Senegal
Gênero: Comédia satírica sexual
Ano de Lançamento: 1974
Tema: Independência do Senegal / Lógicas pós-coloniais no Senegal

Após a independência do Senegal, governantes africanos assumem o poder, mas nada parece realmente mudar. Um novo ministro, conhecido como El Hadji, se aproveita de um dinheiro recebido ilegalmente na posse para se casar com uma terceira mulher, para tristeza de suas duas primeiras esposas e ressentimento de sua filha nacionalista. Porém, ele descobre em sua noite de núpcias ter sido afetado por um feitiço que lhe causou impotência, não podendo consumar o casamento. Nesse filme, Sembène faz uma feroz crítica à sociedade senegalesa na segunda década após a independência, sobretudo aos governantes do país. Por esse motivo, sofreu diversos cortes antes de ser lançado.

 

5) Lógicas pós-coloniais:

Capa do filme La Noire de ... / A Negra de ... (1966), Ousmane Sembène.

Capa do filme La Noire de ... / A Negra de ... (1966), Ousmane Sembène.
Disponível em: http://www.capitolio.org.br/eventos/1525/a-negra-de/#selector. Acesso em: out. 2020.

La Noire de ... / A Negra de ...
Direção: Ousmane Sembène
Duração: 65 minutos
País: Senegal
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1966
Tema: Colônia Francesa no Senegal / Lógicas pós-coloniais no Senegal

O primeiro longa-metragem da África Subsaariana, e também a primeira e mais famosa obra de Ousmane Sembène, cineasta que, a partir desta obra, ficou conhecido como o "pai do cinema africano". Baseado em um conto homônimo de Sembène publicado em 1961, a narrativa conta a história de uma jovem senegalesa que vai trabalhar na França com o casal de franceses que a empregava em Dakar. Inicialmente animada com a perspectiva de conhecer a França, ela logo se vê desiludida, notando diferenças no tratamento que os patrões lhe dão. O filme trata dos efeitos do colonialismo, do racismo e dos conflitos trazidos pelas identidades pós-coloniais na África e na Europa. Baseado em um caso real.

 

Capa do filme Badou Boy (1970), Djibril Diop Mambéty.

Capa do filme Badou Boy (1970), Djibril Diop Mambéty.
Disponível em: https://www.imdb.com/title/tt0201445/. Acesso em: out. 2020.

Badou Boy
Direção: Djibril Diop Mambéty
Duração: 56 minutos
País: Senegal
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1970
Tema: Lógicas pós-coloniais no Senegal

O jovem Badou Boy vaga pelos ônibus e pelas ruas de Dakar aprontando confusões e perturbando a paz da capital do Senegal. Um policial atrapalhado passa a persegui-lo em um “jogo de gato e rato”. Parte paródia, parte fábula, o filme faz uso dos recursos econômicos e estratégicos do filme de gângster e da estética psicodélica punk para falar sobre a experiência pós-colonial africana.

 

Capa do filme Virgem Margarida (2012), Licinio Azevedo.

Capa do filme Virgem Margarida (2012), Licínio Azevedo.
Disponível em: http://jbaproduction.com/en/the-virgin-margarida/. Acesso em: out. 2020.

Virgem Margarida
Direção: Licínio Azevedo
Duração: 90 minutos
País: Moçambique
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 2012
Tema: Lógicas pós-coloniais em Moçambique

Ao final de 1975, após a vitória contra a colonização portuguesa na guerra pela independência, prostitutas de norte a sul de Moçambique foram levadas para centros de reeducação na convicção de que, através da disciplina e trabalhos forçados, impostos por militares de pureza revolucionária, corrigissem a "má vida" e se transformassem na "mulher nova" socialista. Mas um equívoco desestabiliza as mulheres: Margarida, que nunca esteve com um homem, foi igualmente levada.

 

Capa do filme Terra Sonâmbula (2007), Teresa Prata.

Capa do filme Terra Sonâmbula (2007), Teresa Prata.
Disponível em: https://www.imdb.com/title/tt0242029/. Acesso em: out. 2020.

Terra Sonâmbula
Direção: Teresa Prata
Duração: 96 minutos
País: Moçambique
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 2007
Tema: Lógicas pós-coloniais em Moçambique

Primeiro longa-metragem da diretora portuguesa Teresa Prata, o filme é baseado no premiado livro homônimo do escritor moçambicano Mia Couto. Conta a história de um menino sonhador, cujo maior desejo é encontrar a família, de quem se perdeu no meio da guerra civil em seu país, Moçambique.

 

Capa do filme Olhos azuis de Yonta (1992), Flora Gomes.

Capa do filme Olhos azuis de Yonta (1992), Flora Gomes.
Disponível em: https://filmow.com/os-olhos-azuis-de-yonta-t101167/. Acesso em: out. 2020.

Olhos azuis de Yonta
Direção: Flora Gomes
Duração: 97 minutos
País: Guiné-Bissau
Gênero: Comédia dramática
Ano de Lançamento: 1992
Tema: Lógicas pós-coloniais em Guiné-Bissau

O filme, que se passa na cidade de Bissau, traça a trajetória da jovem e bela Yonta, secretamente apaixonada por Vicente, um homem mais velho, amigo de seus pais e antigo herói da luta pela independência do país. Ele nem sequer percebe a paixão que inspirou. Enquanto isso, Zé, um jovem do porto, manda cartas apaixonadas e anônimas para Yonta.

 

Capa do filme Nha Fala (2002), Flora Gomes.

Capa do filme Nha Fala (2002), Flora Gomes.
Disponível em: http://www.allocine.fr/film/fichefilm_gen_cfilm=47420.html. Acesso em: out. 2020.

Nha Fala
Direção: Flora Gomes
Duração: 110 minutos
País: Guiné-Bissau
Gênero: Comédia Musical
Ano de Lançamento: 2002
Tema: Lógicas pós-coloniais em Guiné-Bissau

Antes de partir para a Europa para estudar, Vita, uma jovem africana, promete à mãe que jamais cantará, pois uma maldição que se abate sobre a sua família determina que qualquer mulher que ouse cantar, morrerá amaldiçoada. Em Paris, Vita conhece Pierre, um jovem e talentoso músico por quem se apaixona. Transbordando alegria, Vita liberta-se, finalmente, e canta, deixando-se convencer por Pierre a gravar um disco, que se torna um sucesso de vendas imediato. Temendo que a mãe descubra que quebrou a promessa, Vita decide voltar para casa… para morrer! Com a ajuda de Pierre e Yano, Vita encena a sua própria morte e ressurreição, para mostrar à família e amigos que tudo é possível, se tiverem a coragem de ousar.

 

Capa do filme Documentos de Identidade (1998), Mweze Ngangura.

Capa do filme Documentos de Identidade (1998), Mweze Ngangura.
Disponível em: http://espelhoculturainsana.blogspot.com/2011/08/julho-2011.html. Acesso em: out. 2020.

Documentos de Identidade
Direção: Mweze Ngangura
Duração: 97 minutos
País: República Democrática do Congo
Gênero: Comédia
Ano de Lançamento: 1998
Tema: Lógicas pós-coloniais na República Democrática do Congo

Mani Kongo é o rei dos Bakongo. Sua filha única, Mwana, foi enviada com a idade de 8 anos para a Bélgica para estudar medicina, mas o contato entre os dois foi perdido. Mani Kongo decide viajar sozinho para a Europa à procura de sua filha amada e, ao chegar lá, se depara com os preconceitos da sociedade europeia. Acabará por descobrir que nada é completamente negro ou branco... O filme dedica-se à diáspora africana, na forma de uma interessante comédia.

 

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