Literatura

Aqui você conhecerá obras literárias de escritores e escritoras de diversos países africanos: Angola, Cabo Verde, Guiné, Libéria, Moçambique, Nigéria, Quênia. Trazemos ainda duas obras europeias originárias da Polônia e Portugal, que buscam trazer perspectivas críticas da colonização, por mais que possam também trazer preconceitos enraizados. Nesse caso, problematizamos a obra avisando do aspecto citado. Os livros tratados se relacionam, para além do tema da colonização e da página "O mapa traçado e recortado" , com outras partes do site como “A tradição oral preenchendo lacunas”, “Devemos estudar História da África pois:” e “Europeu não encosta aqui”.

A literatura é uma fonte escrita, então, os alunos já estão mais acostumados a analisá-las em sala de aula, do que em relação a músicas ou filmes - isso se deve às matérias de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Ainda assim, é necessária uma mediação com perguntas que encaminham para uma análise do aluno, como, por exemplo, sobre a forma da escrita, as personagens e suas características, as reflexões propostas, as dúvidas.
Recomendamos a leitura da obra com os alunos, mesmo que inicial, ou até de alguns trechos selecionados. Os resumos das histórias não são ideais, já que muitas vezes não proporcionam uma análise mais crítica, e sim, mais mecanizada da obra. Um diálogo com os docentes da área de Linguagens pode ajudar para que mais obras sejam citadas, contextualizadas e analisadas - seja na sala de aula, ou ainda extraclasse.

Uma razão para trabalhar com tais livros é a inclusão de literatura africana nos vestibulares das universidades do Estado de São Paulo, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Livros como Mayombe, do Pepetela; Terra Sonâmbula, do Mia Couto; e Balada de amor ao vento, da Paulina Chiziane; são alguns dos que foram incluídos nas listas de obras de leituras obrigatórias dessas provas. Estudá-las ajuda os alunos que são candidatos nesses processos seletivos e faz com que a literatura africana seja ainda mais conhecida. Uma problematização possível para fazer com os alunos é pensar que os primeiros autores africanos escolhidos foram homens e brancos, e que somente em 2020 a Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares da UNICAMP) anunciou uma escritora africana, mulher e negra.

Os livros escolhidos estão organizados primeiramente pelo período representado, que dividimos em 4: 1) Organizações Políticas Antes do Colonialismo; 2) Dinâmicas da Colonização; 3) Lutas pelas Independências em foco; 4) Lógicas pós-coloniais. É importante dizer, no entanto, que tais recortes estão entrelaçados de diversas formas, como, por exemplo: as lutas pelas independências integram as dinâmicas da colonização. Tal separação foi criada com um objetivo de melhor organização e compreensão didática. Ainda dentro desta separação, os livros estão ordenados pela data histórica tratada e pelo país representado.

 

1) Organizações Políticas Antes do Colonialismo:

Capa do livro Sundjata ou a Epopéia Mandinga (1960), Djibril Tamsir Niane.

Capa do livro Sundjata ou a Epopéia Mandinga (1960), Djibril Tamsir Niane.
Disponível em: https://vdocuments.mx/livro-sundjata-ou-a-epopeia-mandinga.html. Acesso em: out. 2020.

Sundjata ou a Epopéia Mandinga
Autoria: Djibril Tamsir Niane
Páginas: 126
País: Guiné
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1960
Tema: Organizações Políticas Antes do Colonialismo / Tradição Oral / Reinos e Impérios Africanos

Djibril Niane conta a história de vida e dos tempos do fundador do Império do Mali no século XIII, através da voz de um griô. O livro conta a história de Sundjata, e de um dos maiores impérios que existiu no continente africano. A obra também mostra a existência e a importância dos contadores de tradições e histórias orais, os griôs. Foi a partir desses sujeitos que ele adentrou na tradição Mandinga, grupo étnico da África Ocidental do qual Sundjata fazia parte. A publicação em francês dessa obra data de 1960, dois anos depois da independência da Guiné, terra natal de Djibril Niane, historiador responsável pela coleta dos relatos transformados em livro.

 

2) Dinâmicas da Colonização:

Capa do livro Minha Casa do Outro Lado do Atlântico (2010), Helene Cooper.

Capa do livro Minha Casa do Outro Lado do Atlântico (2010), Helene Cooper.
Disponível em: https://www.saraiva.com.br/minha-casa-do-outro-lado-do-atlantico-2877187/p. Acesso em: out. 2020.

Minha Casa do Outro Lado do Atlântico
Autoria: Helene Cooper
Páginas: 334
País: Libéria
Gênero: Autobiografia
Ano de Lançamento: 2010
Tema: Fundação da Libéria e Guerra Civil da Libéria

Livro autobiográfico que conta a fuga da autora da Libéria, seu país natal, para os EUA por conta de uma Guerra Civil. No livro ela relata como seus avós estadunidenses praticamente fundaram a Libéria na década de 1820.

 

Capa do livro Coração das Trevas (1902), Joseph Conrad.

Capa do livro Coração das Trevas (1902), Joseph Conrad.
Disponível em: https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/81GbK8qQ5XL.jpg. Acesso em: out. 2020.

Coração das Trevas
Autoria: Joseph Conrad
Páginas: 184
País: Polônia
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1902
Tema: Colônia Belga no Congo

Escrito por um polonês naturalizado britânico, o livro é inspirado em suas próprias viagens ao continente africano, especialmente ao Congo Belga. O livro acompanha Marlowe, que deve resgatar Kurtz, um comprador de marfim cujos métodos acabam por se revelar inadequados para a empresa mercantil que o contratou. Coração das Trevas é um dos maiores clássicos da literatura do século XX, e também é cheio de problemáticas e estereótipos. Em nenhum momento o local da história é contextualizado, o que generaliza o continente. A ideia da África como um local de trevas está presente no título e no restante da obra, tratada como exótica e obscura, em oposição à Europa, símbolo das luzes. Os brancos são protagonistas, enquanto os africanos são generalizados e não têm agência ou fala, e se comunicam através de grunhidos. Mesmo demonstrando os horrores do colonialismo europeu, a obra precisa ser problematizada quando lida e tratada em sala de aula.

 

Capa do livro O mundo se despedaça (1958), Chinua Achebe.

Capa do livro O mundo se despedaça (1958), Chinua Achebe.
Disponível em: https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/91ApLwHM5JL.jpg. Acesso em: out. 2020.

O mundo se despedaça
Autoria: Chinua Achebe
Páginas: 178
País: Nigéria
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1958
Tema: Colônia Inglesa na Nigéria

A obra reconta a história de Okonkwo, um homem da tribo igbo (sudeste da Nigéria), cujo vilarejo desintegra-se sob a influência britânica. Okonkwo é um jovem cujo pai não deixou qualquer herança. Essa situação, o leva a ter de pedir sementeiras necessárias para começar a sua carreira como agricultor. O livro é o primeiro registro do imperialismo europeu contado sob perspectiva africana, e debate como a vida de Okwonko muda, ou melhor, como o seu mundo se despedaça com a chegada do colonizador, ao retratar diversos aspectos dessa colonização e de todas as suas violências.

 

Capa do livro Ilhéu de Contenda (1978), Teixeira de Souza.

Capa do livro Ilhéu de Contenda (1978), Teixeira de Souza.
Disponível em: https://www.bertrand.pt/livro/ilheu-de-contenda-teixeira-de-sousa/9573798. Acesso em: out. 2020.

Ilhéu de Contenda
Autoria: Teixeira de Souza
Páginas: 356
País: Cabo Verde
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1978
Tema: Colônia Portuguesa em Cabo Verde

Ilhéu de Contenda é o primeiro romance da trilogia de Teixeira de Souza, seguido por Xaguate (1987) e Na Ribeira de Deus (1992). Os três retratam a sociedade foguense, cheia de preconceitos, própria de uma remanescente sociedade escravocrata. A obra se passa na Ilha do Fogo, uma das dez ilhas que constituem Cabo Verde, e sua segunda ilha a ser povoada. Em Ilhéu de Contenda a história situa-se na primeira metade dos anos 60, um período de grandes mudanças na ilha do Fogo, em que a velha aristocracia começa a desagregar-se e a ser substituída por uma nova classe, a dos mulatos. Do mesmo autor cabo-verdiano de Contra Mar e Vento.

 

3) Lutas pelas Independências em foco:

Capa do livro Um grão de trigo (1967), Ngugi Wa Thiongo.

Capa do livro Um grão de trigo (1967), Ngugi Wa Thiongo.
Disponível em: https://www.amazon.com.br/Um-gr%C3%A3o-trigo-Ngugi-wa/dp/8579624061. Acesso em: out. 2020.

Um grão de trigo
Autoria: Ngugi Wa Thiongo
Páginas: 280
País: Quênia
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1967
Tema: Colônia Inglesa no Quênia / Luta Pela Independência do Quênia

Este romance magistral trata do difícil processo de independência do Quênia, e das dúvidas e lealdades que cada um leva consigo. Mugo é um homem solitário, tido como herói pelos habitantes da aldeia de Thabai. Ele atuou ao lado de Kihika, mártir da luta contra o domínio inglês e, durante o tempo em que ficou preso, nunca delatou seus companheiros, nem mesmo sob tortura. Com a chegada do dia da independência, ex-ativistas planejam expor e executar o suposto traidor que levou Kihika à morte. Sombras começam então a pairar sobre todos. A obra narra eventos marcantes da história africana, com personagens humanos, hesitantes e passionais, mas capazes de grandes feitos.

 

Capa do livro Sangue Negro (2001), Noémia de Sousa.

Capa do livro Sangue Negro (2001), Noémia de Sousa.
Disponível em: https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/71nKEvP1UrL.jpg. Acesso em: out. 2020.

Sangue Negro
Autoria: Noémia de Sousa
Páginas: 200
País: Moçambique
Gênero: Poemas
Ano de Lançamento: 2001
Tema: Colônia Portuguesa em Moçambique / Luta Pela Independência em Moçambique

Único livro de Carolina Noémia Abranches de Sousa, Noémia de Sousa (1926-2002), a "Mãe dos poetas moçambicanos", uma das principais figuras do movimento literário anti-colonial de Moçambique. O livro é composto por 46 poemas de resistência, escritos entre 1948 e 1951, distribuídos nas seguintes seções: “Nossa Voz”, “Biografia”, “Munhuana 1951”, “Livro de João”, “Sangue Negro” e “Dispersos”. Algumas das temáticas tratadas são: classe, política, liberdade, racismo e negritude.

 

Capa do livro Luuanda (1963), José Luandino Vieira.

Capa do livro Luuanda (1963), José Luandino Vieira.
Disponível em: https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12342. Acesso em: out. 2020.

Luuanda
Autoria: José Luandino Vieira
Páginas: 103
País: Angola
Gênero: Contos
Ano de Lançamento: 1963
Tema: Colônia Portuguesa em Angola / Luta Pela Independência em Angola

Livro de contos cujas narrativas retratam a dura realidade dos musseques angolanos - os bairros pobres de Luanda, onde o próprio autor viveu. "Minha preocupação era ser o mais fiel possível àquela realidade. [...] Se a fome, a exploração, o desemprego, surgem com muita evidência [...] é porque isso era - digamos assim - o aquário onde meus personagens e eu circulávamos", afirma Luandino. Alguns desses contos são Vavó Xíxi e seu neto Zeca Santos, Estória do ladrão e do papagaio, e Estória da galinha e do ovo. Todos eles apresentam um caráter melancólico bem forte. Luandino aborda temas como racismo, miséria, fome, desemprego, rivalidade étnica entre brancos e negros, submissão feminina, machismo, violência policial, entre outras temáticas.

 

Capa do livro Vidas Novas (1975), José Luandino Vieira.

Capa do livro Vidas Novas (1975), José Luandino Vieira.
Disponível em: https://www.amazon.com.br/Vidas-Novas-JOS%C3%89-LUANDINO-VIEIRA-ebook/dp/B009B0I5BQ. Acesso em: out. 2020.

Vidas Novas
Autoria: José Luandino Vieira
Páginas: 128
País: Angola
Gênero: Contos
Ano de Lançamento: 1975
Tema: Colônia Portuguesa em Angola / Luta Pela Independência em Angola

O livro reúne histórias independentes, conectadas entre si pela temática. Todas se localizam na cidade de Luanda, e acompanham o período colonial angolano e a luta pela sua independência. O principal cenário são os musseques, e alguns contos falam das prisões e das torturas presentes nelas. É o caso do conto O fato completo de Lucas Matesso. Nele, o protagonista, cujo nome dá título à narrativa, recebe a visita da esposa, que lhe sussurra  sobre o “fato completo”. Os policiais ouvem isso e acreditam ser algum bilhete, por isso, o torturam. O “fato completo” é na verdade, um prato de comida com feijão, peixe e banana, que sua esposa lhe traria, assim, termina o conto, mostrando o desconhecimento dos portugueses e a injustiça cometida. Acreditamos que por ser um conto, seja uma boa opção de leitura para os alunos, assim como para ser utilizado na sala de aula, afinal, só tem 10 páginas.

 

Capa do livro Mayombe (1980), Pepetela.

Capa do livro Mayombe (1980), Pepetela.
Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/mayombe-analise-da-obra-de-pepetela/. Acesso em: out. 2020.

Mayombe
Autoria: Pepetela
Páginas: 248
País: Angola
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1980
Tema: Colônia Portuguesa em Angola / Luta Pela Independência em Angola

Escrito durante a participação de Pepetela na guerra de libertação de Angola, retrata o cotidiano dos guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em luta contra as tropas portuguesas. O romance inova ao abordar não somente as ações, mas os sentimentos e reflexões daquele grupo, as contradições e conflitos que permeavam sua organização e as relações estabelecidas entre pessoas que buscavam construir uma nova Angola livre da colonização.

 

Capa do livro A Geração da Utopia (1992), Pepetela.

Capa do livro A Geração da Utopia (1992), Pepetela.
Disponível em: https://www.leyaonline.com/fotos/produtos/500_9789722053020_pepetela_a_geracao_da_utopia.jpg. Acesso em: out. 2020.

A Geração da Utopia
Autoria: Pepetela
Páginas: 392
País: Angola
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1992
Tema: Colônia Portuguesa em Angola / Luta Pela Independência em Angola

Acompanha um grupo de jovens que sonhou e lutou por um país livre e se depara com a realidade de Angola pós-independência. Com ironia e espírito crítico, o romance revê e confronta os valores revolucionários expostos em Mayombe com o que foi efetivamente construído após a vitória do MPLA sobre Portugal.

 

Capa do livro A Costa dos Murmúrios (1988), Lídia Jorge.

Capa do livro A Costa dos Murmúrios (1988), Lídia Jorge.
Disponível em: https://www.amazon.com.br/COSTA-DOS-MURM%C3%9ARIOS-Lidia-Jorge/dp/8501070793. Acesso em: out. 2020.

A Costa dos Murmúrios
Autoria: Lídia Jorge
Páginas: 259
País: Portugal, Moçambique
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1988
Tema: Colônia Portuguesa em Moçambique / Luta Pela Independência em Moçambique

A obra A Costa dos Murmúrios de autoria da portuguesa Lídia Jorge traz uma história que se passa em Moçambique nos anos 60, período inicial da organização dos movimentos para independência nas colônias portuguesas na África. Eva Lopo, portuguesa, é a personagem principal. Lopo volta-se ao passado, cerca de 20 anos, para a partir do seu eu presente, narrar os acontecimentos do passado de guerra. Eva cria uma narrativa que subverte a história oficial, já que coloca as mulheres no centro do embate, desconstruindo a ideia de que a guerra era um assunto exclusivamente masculino. A escritora baseou-se em alguns fatos verídicos, pesquisando no Museu Militar de Lisboa para escrever sobre determinados eventos.

 

4) Lógicas pós-coloniais:

Capa do livro Bom Dia, Camaradas (2003), Ondjaki.

Capa do livro Bom Dia, Camaradas (2003), Ondjaki.
Disponível em: https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/91Lm4o9W6NL.jpg. Acesso em: out. 2020.

Bom Dia, Camaradas
Autoria: Ondjaki
Páginas: 136
País: Angola
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 2003
Tema: Consequências do Colonialismo em Angola

O cenário da obra é Luanda dos anos 1980. O contexto envolve professores cubanos, escolas entoando hinos matinais e jovens de classe média. Algumas temáticas tratadas são as desigualdades sociais e os conflitos entre modernidade e tradição. Através do olhar de um garoto, o leitor é levado a uma Angola que acabou de se tornar independente e é obrigada a repensar as regras sociais e a questionar as causas da desigualdade, nos mostrando que é preciso muito mais do que um decreto para que as mudanças de fato aconteçam. Ondjaki escreve um livro que dialoga com o mundo dos jovens e a descoberta da vida adulta e dos seus conflitos, por isso, pode ser bem atrativo para jovens, tanto do ensino fundamental, como do médio, ainda assim, é uma leitura que atravessa as idades.

 

Capa do livro Terra Sonâmbula (1992), Mia Couto.

Capa do livro Terra Sonâmbula (1992), Mia Couto.
Disponível em: https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=14114. Acesso em: out. 2020.

Terra Sonâmbula
Autoria: Mia Couto
Páginas: 206
País: Moçambique
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1992
Tema: Consequências do Colonialismo em Moçambique

No Moçambique pós-independência, mergulhado na devastadora guerra civil que se estendeu por dez anos, o velho Tuahir e o menino Muidinga empreendem uma viagem recheada de fantasias míticas. Terra Sonâmbula foi considerado pelo júri especial da Feira do Livro de Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX. É um romance em abismo, escrito numa prosa poética que remete a Guimarães Rosa. Mia Couto se vale também de recursos do realismo mágico e da arte narrativa tradicional africana para compor esta bela fábula, que nos ensina que sonhar, mesmo nas condições mais adversas, é um elemento indispensável para se continuar vivendo.

 

Capa do livro Balada de amor ao vento (1990), Paulina Chiziane.

Capa do livro Balada de amor ao vento (1990), Paulina Chiziane.
Disponível em: https://www.amazon.com/Balada-Amor-Vento-Chiziane-Pualina/dp/972211557X. Acesso em: out. 2020.

Balada de amor ao vento
Autoria: Paulina Chiziane
Páginas: 176
País: Moçambique
Gênero: Romance
Ano de Lançamento: 1990
Tema: Consequências do Colonialismo em Moçambique

Publicado pela primeira vez em 1990, essa obra foi o primeiro romance publicado por uma mulher em Moçambique. Paulina Chiziane foi militante da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), organização política que surgiu no período da luta pela independência de Moçambique. A autora saiu do grupo para se dedicar à escrita. O romance conta a história de amor de Sarnau e Mwando, ambos moçambicanos. A obra trata de diversas temáticas, como por exemplo, o local das mulheres moçambicanas na sociedade, a diversidade do país, e a poligamia. Várias questões podem ser feitas para abordar o livro na sala de aula, principalmente, para pensar a mulher moçambicana e o seu papel durante a guerra pela independência que só termina em 1975.

 

Capa do livro O Perigo de uma História Única (2019), Chimamanda Ngozi Adichie.

Capa do livro O Perigo de uma História Única (2019), Chimamanda Ngozi Adichie.
Disponível em: https://www.amazon.com/Perigo-Historia-Unica-Portugues-Brasil/dp/8535932534. Acesso em: out. 2020.

O Perigo de uma História Única
Autoria: Chimamanda Ngozi Adichie
Páginas: 64
País: Nigéria
Gênero: Palestra
Ano de Lançamento: 2019
Tema: Reflexões Atuais Sobre Estereótipos Sobre o Continente Africano

O pequeno livro é uma transcrição da palestra dada pela escritora nigeriana, Chimamanda Ngozi Adichie, famosa por seus livros Meio Sol Amarelo, Americanah, e Hibisco Roxo. A fala, adaptada para o livro, aconteceu em julho de 2009, no TED Talks, e se intitulava O perigo de uma história única. Mais de dez anos depois, o vídeo ainda é um dos mais acessados da plataforma, com cerca de 24 milhões de visualizações. O livro acompanha também uma breve biografia da autora, e resumos de suas outras obras. A ideia central é discutir sobre os estereótipos que são atrelados ao continente africano, denominados por Chimamanda de história única. A perspectiva única é perigosa por apresentar apenas uma versão, possivelmente cheia de preconceitos. É possível acessar a palestra no site do TED, legendada em mais de 49 línguas, incluindo a portuguesa. 

Vídeo da Chimamanda:
https://www.ted.com/talks/chimamanda_ngozi_adichie_the_danger_of_a_single_story

 

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