Maysa Mayara Costa de Oliveira
Doutoranda em Ciências Sociais do Programa de Pós Graduação de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas.
Localizada sob o rio Anil a Ponte Bandeira Tribuzzi compreende um lugar de muitas sociabilidades e significados no espaço urbano da capital maranhense São Luís, assim como para os moradores dos bairros do seu entorno. A ponte foi inaugurada na década de 1980 ligando o bairro da Camboa ao bairro do Jaracaty o que representou um momento de expansão da capital além centro histórico para os bairros mais modernos da cidade. Simbolicamente, a ponte, significa a conexão de duas realidades um tanto dicotômicas: passado e futuro, antigo e moderno, rural e urbano, campo e cidade. Realidades distintas mas que de fato não estão tão desassociadas assim.
A Camboa é um bairro que se constituiu com a fundação da Fábrica de Fiação e Tecido no século XIX e que foi povoado primeiramente pelo operariado que trabalhava na fábrica. Nas décadas de 1970 e 1980 o bairro recebeu um grande contingente migratório, principalmente de populações advindas de Alcântara e do litoral ocidental maranhense. O bairro é formado por muitas famílias de Alcântara que encontraram nesta parte central da cidade, um local de reprodução dos modos de vida das pequenas comunidades negras de Alcântara e baixada maranhense. Essa composição migratória estará reproduzida nas sociabilidades culturais, econômicas e religiosas que compõem os bairros da Camboa e Liberdade, considerados como um dos maiores quilombos urbanos do país.
As fotografias foram tiradas pela autora em 2017 durante sua pesquisa de campo no bairro. A área abaixo da ponte Bandeira Tribuzzi estava incluída no projeto de reurbanização do Programa PAC Rio Anil, iniciado em 2009. A ponte além de ligar dois bairros, compreende um espaço de diversas sociabilidades: é atracadouro dos barcos que vão e vem de Alcântara e outras regiões do litoral maranhense, carregando madeira e carvão e que são comercializados ali próximos, além dos peixes e mariscos trazidos para serem vendidos nas feiras locais. É local de descanso, espera, trocas. Local de construção de novas embarcações, chegadas e partidas. É local de vínculo de muitos pescadores com suas cidades de origens, com suas atividades de sobrevivências, atividades de lazer. A paisagem da ponte Bandeira Tribuzzi nos traz a sensação remota de tranquilidade junto ao rio, ao mangue e os guarás sempre ali próximos. Por outro lado, suas colunas se destacam pelo colorido dos grafites que homenageiam os mestres das culturas locais, as cores do reggae e todo a cultura popular que compõem os bairros.
Legendas: Na fotografia do lado esquerdo estão as colunas que sustentam a Ponte Bandeira Tribuzzi pintadas de branco. A primeira coluna tem uma pintura com letras de Grafitte em 3D nas cores de verde, amarelo e vermelho. Do lado direito, um espaço aberto com alguns postes, um banco de praça, algumas lixeiras laranjas ao fundo, juntamente com um pouco de vegetação do mangue e um céu bem azul.
Legenda: Na fotografia duas colunas da ponte estão na parte central da foto, três barcos de vela estão embaixo da ponte, no centro das colunas. Um homem está sentado no primeiro barco à direita, um segundo homem está sentado ao fundo do terceiro barco à esquerda. Ao fundo está o rio que se encontra com uma vegetação verde de mangue e mais acima um céu azul bem limpo e azul.
Legenda: Na fotografia, dois barcos encontram-se à direita da foto, entre as duas colunas da ponte. Ao lado esquerdo, um barco menor está encostado na margem do rio ao lado de várias canoas. Um homem está em pé encostado na coluna da esquerda próximo aos dois outros barcos. Ao fundo, o rio e um céu azul.
Legenda: Na fotografia três colunas que sustentam a ponte estão na parte central da foto, acima delas está a parte de baixo da ponte. Alguns barcos à vela estão atracados debaixo da ponte. Um carro está ao fundo no lado direito da ponte. No lado esquerdo, ao fundo, em uma coluna da ponte, há um grafite pintado escrito “GUMA”.
Legenda: Na parte central da fotografia três pilhas de madeiras estão no chão. Ao fundo, uma ponte e alguns prédios de apartamentos, em tons amarelos com telhados laranjas. No canto, do lado direito, uma vegetação verde.
Legenda: Na fotografia um homem de bermuda e boné passa debaixo da ponte carregando um carro de mão cheio de sacos brancos. Alguns sacos estão no chão e ao lado direito, um montante de sacos estão empilhados. Ao lado esquerdo, na sombra da foto, um outro homem está caminhando e passa na frente de um deposito com quatro portas.
Legenda: Na fotografia, um barco está encostado debaixo das colunas da ponte. Alguns barcos menores em processo de construção estão ali próximos. Madeiras, pneus estão no chão. Ao fundo um homem está agachado. Nas colunas da ponte pintadas de branco, ao fundo, há alguns grafite. Na coluna da frente há um grafite escrito “Guma” e na outra coluna de trás um grafite com um coração vermelho.
Legenda: Na fotografia ao lado direito, há uma coluna na sombra. Ao fundo, no lado direito algumas portas de um deposito que fica debaixo da ponte, e que faz sua curva na parte superior. Um homem está em pé com um carro de mão ao seu lado, com dois sacos empilhado na frente de uma porta. Está ensolarado e ao lado esquerdo há um espaço com grama e alguns postes.
