Ensaios Fílmicos

A comissão organizadora do Prêmio Mariza Corrêa tem o prazer de apresentar aqui as quatro produções inscritas na modalidade de Ensaios Fílmícos 2020:

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A) Título do ensaio: Recampesinización (Voltar ao campo)

Por: Alejandro Escobar

Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=QMelb2JwVDU&app=desktop

Sinopse:

O documentário “Re-campesinisação” visibiliza o processo de “deslocamento forçado” na comunidade do Cairo na Colômbia, como também indaga o transcurso de “voltar ao campo”. O conflito histórico colombiano deixou até setembro de 2018 mais de oito (8) milhões de pessoas deslocadas, sendo o país com mais deslocados internos no mundo, de acordo com Unidade para a Atenção e Reparação Integral para as Vítimas da Colômbia (UARIV). O governo nacional está implementando diferentes programas e iniciativas para garantir a “restituição de terras” para a população deslocada. No município do Cairo no Estado do Vale do Cauca, na Colômbia, tem um interessante processo de Re-campesinisação que já tem dez anos e que foi implementado com grupos de famílias que foram deslocadas forçadamente de diferentes estados da Colômbia. Essa experiência é uma das iniciativas que, apesar dos seus inconvenientes, é bem-sucedida, em comparação a outros casos de restituição implementados no país.

 

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B) Título do ensaio: Loss e Renam: Etnobiografias de artistas urbanos

Por: Núcleo de Antropologia Visual (Navisual/PPGAS/UFRGS)

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=TGuD1ZnJ03U&feature=youtu.be

Sinopse: 

Etnobiografia é um conceito que apreendemos da obra do cineasta argentino Jorge Preloran (1933-2009). Na interface das linhas de pesquisa de Antropologia visual e da imagem e Antropologia Urbana, em 2018 o Núcleo de Antropologia Visual (PPGAS/IFCH/UFRGS), Porto Alegre, Brasil, desenvolveu uma Oficina de formação de pesquisa etnobiográfica para o aprendizado da elaboração de roteiro, captação e edição de vídeo etnográfico. Dois artistas urbanos com práticas de grafite na cidade de Porto Alegre, foram convidados para elaboração das etnobiografias. Loss é mulher, grafiteira, habita em um coletivo de artistas (ocupação) e narra sua trajetória pessoal e artística para a equipe. A mediadora dessa aproximação e consentimento é Thayanne Freitas, pesquisadora do Navisual e também artista urbana. Renam é artista plástico, grafiteiro, produtor, pequeno empresário entre outras autodefinições do artista no contexto urbano. A aproximação e consentimento para filmar sua etnobiografia se deu pela mediação de Débora Wobeto, pesquisadora do Navisual. As fases de aprendizagem técnica e teórica para captação de imagens, transcrição e elaboração de roteiro foram iniciadas em 2018 e finalizadas em 2020. Por fim, objetivamos relatar a experiência da oficina que consideramos colaborativa com ambos os artistas.

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C) Título do ensaio: Socialights | Jorge Lafond

Por: Noah Mancini

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=weqJ9_RmYK4

Sinopse:

“O colunista social é um pária de luxo. Sei o que estou dizendo. O colunista social simula um respeito por pessoas, as quais, no fundo, no fundo, tampouco têm respeito por ele.” (BEIRÃO, NIRLANDO. O caviar indigesto do colunismo social. Publicado 25/12/2016 às 01h27 no site da Carta Capital)

Há um vasto arquivo virtual de vídeos, entrevistas, programas
lugar providencial para pesquisas

passei a recolhê-los e editá-los,
montar narrativas sobre
a autofagia do espetáculo

Denominei tal série de trabalhos de Socialights
a indução da montagem
sentidos ingenuamente ácidos

Frivolidade é política
Fofoca é informação, é memória
Nas entranhas de nossa história televisiva

Bafão
Lafond, meu amor

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D) Título do ensaio: "O Colégio Estadual Dr. Raimundo Alves Torres, na perspectiva de seus agentes” - Breves notas sobre o fazer antropológico

Por: Mateus Rodrigues Jorge e Amanda Rocha

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=5ACTMQ1Smh8&feature=youtu.be

Descrição: 

“O colégio Estadual Dr. Raimundo Alves Torres, na perspectiva de seus agentes” é uma produção dos estudantes Mateus Rodrigues Jorge e Amanda Rocha, graduandos em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), resultado das discussões, orientações e reflexões oriundas da disciplina Etnografia e Métodos, ofertada no referido curso pela Professora Dra. Maria Isabel, entre agosto e dezembro de 2019. Uma das atividades avaliativas da disciplina consistia na elaboração de uma etnografia. Neste período, o primeiro graduando mencionado cumpria estágio obrigatório na Escola Estadual Dr. Raimundo Alves Torres, um dos maiores colégios estaduais da cidade e, também, um dos mais próximos da Universidade Federal de Viçosa - a instituição que movimenta o município economicamente, politicamente e socialmente. Em O antropólogo e sua magia: trabalho de campo e texto etnográfico nas pesquisas antropológicas sobre religiões afro-brasileiras, Vagner Gonçalves da Silva (2000) dedica um capítulo à reflexão sobre a chegada do pesquisador ao campo. O livro trata especificamente de etnografias realizadas em terreiros, mas certas reflexões permitem pensar a entrada do antropólogo independentemente do campo, guardadas as devidas especificidades.

Em meu caso, não precisei “chegar ao campo”, pois a minha entrada como estagiário já havia sido legitimada meses antes, e a etapa de convite e aceite dos entrevistados para a pesquisa ocorreu sem problemas. Vagner argumenta que os artigos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses que envolvem trabalhos etnográficos, devido a uma tradição inaugurada por Malinoswki, não explicitam ou omitem conscientemente o percurso traçado até a finalização do trabalho. Em outras palavras, apenas o que temos acesso, a etnografia escrita, representa uma percepção do antropólogo sobre o campo, sem mencionar as contradições, conflitos e relações desenvolvidas ao longo de todo o campo. Em vista disso, apresentarei a seguir as etapas que segui para realização desse trabalho, passando por sua concepção, convite aos entrevistados e formatação do filme. Além disso, disponibilizarei as perguntas que orientaram as entrevistas, bem como as gravações completas de todos os participantes.    

Uma menção importante é que, neste filme etnográfico, apenas as falas dos entrevistados são exibidas. Com esse artifício, busco romper a clássica distinção da ciência moderna - também presente na Antropologia - entre sujeito, aquele que detém o conhecimento, e o objeto a ser conhecido. São os próprios indivíduos que vivenciam a escola que se representam, apresentam suas percepções acerca da própria realidade e, com isso, constroem seus próprios sentidos. Após a finalização da etapa de gravação das entrevistas, com o auxilío de Amanda, assistimos todas as filmagens diversas vezes. Em seguida, selecionamos os trechos que julgamos que os atores elaboraram falas representativas sobre a realidade escolar, seus projetos individuais e suas percepções sobre a mudança da instituição escolar. O filme etnográfico é, portanto, o resultado da síntese de relatos, percepções e representações de estudantes, professores e funcionários da escola, organizados pelos graduandos de modo a estabelecer uma narrativa coerente sobre a instituição escolar, numa perspectiva universalista e, também, acerca do cotidiano do colégio ESEDRAT.