Alejandro Escobar Hoyos.
Mestrando Antropologia social PPGAS UFRN
O sertão potiguar é uma região semiárida caracterizada por sua natureza com vegetação da Caatinga (do Tupi: ka'a [mata] + tinga [branca] = mata branca. A região apresentada e conhecida como Seridó. Para o folclorista e historiador Luís da Câmara Cascudo (1967), Seridó vem do linguajar dos tapuias transcrito como "ceri-toh" e que quer dizer "pouca folhagem e pouca sombra", em referência as características da região. Além das características climáticas do bioma caatinga a região do Seridó é marcada também pela construção identitaria presente nas comunidades negras, trazemos como exemplo a celebração da Virgem do Rosário festejada pela comunidade quilombola Boa Vista dos Negros, no município de Parelhas-RN.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) reconheceu e declarou como terras da comunidade remanescente de Quilombo da Boa Vista dos Negros, a área de 445,2676 hectares localizada no município de Parelhas, estado do Rio Grande do Norte (RN), no Território da Cidadania do Seridó. A comunidade da Boa Vista dos Negros existe há mais de 300 anos e possui uma identidade negra e traços marcantes que caracterizam uma comunidade quilombola. Ela faz parte das Irmandades do Rosário e realiza a tradicional dança do Espontão.
Ao chegarem em território brasileiro, os negros em condição de escravos eram imediatamente batizados e "instruídos" a seguirem o catolicismo. No entanto, essa conversão se dava apenas de forma superficial, pois as religiões de origem africana, conseguiram permanecer, geralmente, através de práticas secretas. Os negros escravos, mesmo sem muita catequese, tornavam-se católicos, no entanto, persistiam com suas tradições africanas. A exemplo desse fato, temos a irmandade do Rosário da Boa Vista dos Negros, com sua dança do Espontão Junto com a festa de Nossa Senhora do Rosário e demais tradições.
“Com alegria festejamos Nossa Senhora do Rosário a perfeita discípula, a mãe de Deus e nossa mãe, a protetora dos negros do rosário, aquela a quem invocamos diante das nossas necessidades espirituais como advogada nossa e medianeira de todas as graças”