Ao escolher um lugar para estudar, o historiador norte-americano Stanley Stein não pensou apenas em documentos. Queria mais. Escolheu Vassouras, no Vale do Paraíba, e mudou-se para a cidade com sua família em setembro de 1948, onde viveu durante 18 meses, até novembro de 1949. Ele sabia que, para compreender a sociedade cafeeira que havia se formado em Vassouras ao longo do século XIX, ele tinha que "olhá-la de dentro e não de fora".
Pesquisou em cartórios, arquivos e bibliotecas, perambulou pelas ruas da cidade e conviveu com seus habitantes. Entrevistou os moradores mais idosos, gravou jongos e fotografou as fazendas da região. Algumas das imagens foram publicadas em seu livro, em 1957. Parte de seu material de pesquisa se perdeu, mas as fotografias, tiradas com uma câmara Rolleicord, foram guardadas. Elas registram as marcas deixadas pelo passado e constituem um conjunto documental importante, com imagens raras de senzalas e das condições de trabalho na zona rural fluminense de meados do século XX.
Também revelam o olhar do historiador. Algumas vezes, os ângulos escolhidos lembram as fotografias do francês Victor Frond, que havia visitado Vassouras quase cem anos antes - e que Stein deve ter consultado várias vezes. Guardam ainda a perspectiva do fotógrafo, interessado no jogo de luzes ou no diálogo com as técnicas e estilos contemporâneos.
As imagens são, ao mesmo tempo, resultado do gesto interessado do historiador que fotografa a região estudada e produto de um fotógrafo que, sendo historiador, dialoga com o passado e com seu presente.
Esta exposição oferece ao visitante virtual do Arquivo Edgard Leuenroth a possibilidade de conhecer o fotógrafo Stanley Stein e desvendar, nas imagens que produziu em Vassouras, o olhar do historiador.