Os caminhos trilhados para a edificação da Nação e dos Estados independentes em contextos africanos é plural. A construção da Nação passou por momentos distintos para os casos africanos de colonização portuguesa, como os de São-Tomé e Príncipe, da Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola ou Moçambique. As lutas de libertação iniciadas nos anos 1960 foram promovidas por grupos como o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o Movimento pela Libertação de Angola (MPLA) ou a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Após a Revolução dos Cravos, em 1974, que colocou fim ao regime autoritário em Portugal, e a conquista das independências, em 1975, iniciou-se um segundo momento, marcado pela implementação das políticas de construção dos Estados nacionais independentes.

3. Propaganda política do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA)

4. Propaganda política em um muro da Guiné-Bissau: PAIGC (Partido Africano de Independência de Guiné Bissau e Cabo Verde), FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e MPLA
Ao longo da história, foram forjadas variadas maneiras de criar a Nação e construir o aparelho estatal. No entanto, não devemos confundir a criação de estruturas de um Estado moderno com a promoção da identidade nacional. Para os contextos africanos, os projetos propostos pelo PAIGC, MPLA e FRELIMO, que assumiram a dianteira na construção do Estado nacional, constituem dimensões particulares desse processo. Outras são as da própria identidade nacional desses países, que passou – e ainda passa – por variadas disputas. A heterogeneidade populacional dos espaços geográficos angolanos, guineenses, cabo verdianos ou moçambicanos, de maneira geral, foram compreendidas pelos movimentos de libertação como um obstáculo para a elaboração de uma singularidade que representasse o “povo”. No pós-independência, o elencar de heróis e heroínas, datas comemorativas, símbolos, ou uma forma específica de pensamento político, promovidas pelos grupos vitoriosos das lutas de independência, que assumiram para si a empreitada de construir o Estado nacional e de forjar uma identidade nacional específica, esforçaram-se por apagar e marginalizar demandas divergentes. Deslegitimando-as como étnicas, regionais ou “obscurantistas”, o cerceamento da heterogeneidade causou marcas traumáticas em vários grupos populacionais.

5. Trecho do documento celebratório do 1º Aniversário da Independência de Angola, 1976:
“O 11 de novembro de 75 configurou o término de 5 séculos de domínio colonial português sobre o povo angolano. Quando da proclamação da independência, os agressores estavam a 40 Km de Luanda e nutriam a esperança de destroçar a República Popular, dividí-la e saquear suas riquezas. (...) A decisão revolucionária, o heroísmo e o espírito de sacrifício do povo angolano e da sua vanguarda armada, as FAPLA, sob a direção do MPLA frustraram os objetivos imperialistas”.

6. Cartão postal: 14 de Abril Dia da Juventude Angolana

7. Cartaz: Expo Portugal um Ano de Revolução

8. Cartão postal: 25 de Abril de 1974

9. Cartaz: Amílcar Cabral. Cabo Verde – Partido Africano da Independência de Cabo Verde

10. Membros do PAIGC (frente e verso)

11. Manifestação do PAIGC